19 de jul. de 2021

saudade.

 Já não choro a tua ausência, não posso, Afinal, não é uma ausência criada pelo infortúnio da vida, é uma ausência consciente, decidida, pela escolha de livre arbítrio.

Ainda assim, não significa que não possa sentir saudade, eu sinto, eu quero sentir, deitar para fora do meu corpo, os sentimentos que afloram do meu corpo, por tudo o que acontece. Não podia guardar e remoer, é uma saudade que é minha, é um sentimento que é meu, e que tenho de ser eu a lidar. 

Ainda há muita luta, ainda há muita lágrima, mas por outros sentimentos, não mais esse, não mais a ausência. Afinal, o mundo tem muitos animais para amar. Fiz o que o meu humilde nível de evolução, me permiti-o fazer, por mim. 

O mundo não estaria, melhor sem mim, porque simplesmente deixaria de existir. És uma criação da minha imaginação, fazes, o que te programei, para me fazeres. Longe, és uma coisa, um objeto inanimado, e sem vida, perto, és um furacão de sentimentos, um brilho nos olhos, uma palpitação no coração, uma agitação turbulenta destes fluidos translúcidos respiráveis. 

De um lado a calma e a incerteza, numa vida despojada, do outro, uma turbulência certa, duma vida inteira.

Preciso ser tudo em tudo o que eu faço. 

Se estás longe, desanimo, e perco o foco, se estás junto, desfoco-me e desinteresso-me, se ficas aí, no meio da vida, no alcançável distante, no meio termo, da dúvida, na procura por ser achada. Vou gritar em voz alta, eu estou aqui, te achei. Te galanteio, te perco...depois da euforia, a realidade branda

Me destruo-o, me desalento, não sou procurado, não preciso mais acenar, me apago. De cabeça baixa, como um cachorro desprezado, pelo próprio dono. vou estando presente, procurando por alimento na caixa do lixo, procurando ser visto. Não sou lixo descartável, Não me vejo como tal, mas só saberei o que guardas, depois de ver tudo o que deitas fora. não terei esse conhecimento, se não ficar por lá uns tempos. 

Te amo. 


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